12/12/07

Lançameto do Livro



Para além das Montanhas de Riucardo Sousa Alves
Apresentação e sessão de autografos dia 15 de Dezembro na Bulhosa do Oeiras Parque às 18h

Dois irmãos. O mais novo, após um grave incidente, encontra-se num estado de coma profundo. O mais velho, à cabeceira da cama, procura obstinadamente fazê-lo despertar. É através das palavras deste último que vamos acedendo, aos poucos, à sua história, quer pela descrição desses dias, em que permanecem no hospital, quer pela invocação de episódios vividos na pequena aldeia onde nasceram, em Trás-os-Montes, quer pela incursão numa espécie de tempo sagrado, um lugar no interior do próprio tempo, em que o desespero do mais velho o impele a recriar o limbo em que o irmão caiu, para o conseguir salvar. É sobre este triângulo temporal narrativo que assenta Para Além das Montanhas, primeira obra de Ricardo Sousa Alves (n.1978, Lisboa).

06/09/07

Ainda ontem pensava que não era

«Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trémulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.

Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita
de um mar infinito."

E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
sobre a minha margem."

Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?" »

Kahlil Gibran

15/08/07

Song for the Unification of Europe



Ean tais glosais toon antropoon lalo
kai toon angeloon,
agapen de me echo,
gegona chalcos echoon e kumbalon alaladzon.

Kai ean echo profeteian,
kai eido ta mysteria panta,
pistin ore metistanai,
agapen de me echo, outen eimi

He agape makrotumai, chresteuetai
he agape ou dzelloi, erpereuetai, ou fysioutai.

panta stegei, panta pisteuei, panta elpizei, panta upomenei.

He agape oudepotte piptei
eite de profeteiai, katargetezontai,
eite glosai, pausontai,
eite gnossis katargetesetai

Nuni de menei, pistis, elpis, agape,
ta tria tauta, meidzoon de toutoon, he agape.




If with the tongues of men I speak,
and of angels,
Love I do not have,
I have become a gong resounding or cymbal clanging.

And if I have the gift of prophecy,
and know mysteries all,
faith mountains move,
Love I do not have, nothing I am.

Love is generous, virtuous,
Love does not envy, boast, not proud is.

All she protects, all she trusts, all she hopes, all she perseveres.

Love never she fails. Be it prophecies, they will cease,
Be it tongues, they will be stilled, be it knowledge it will cease.

So remain, Faith, Hope and Love, these three. But the greatest of these is Love

02/08/07

O que pretendemos da Cultura?



Ao saber da demissão da Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila Rodrigues, chego à conclusão de quem tem ideias e apresenta resultados acima dos esperados é um fardo para os actuais dirigentes políticos.

É sabido que a ex-directora do referido Museu opõe-se fortemente ao actual modelo de gestão de museus, pedindo uma maior autonomia financeira e administrativa, e não terá razão?

Aos amigos

" Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.

Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,

com livros atrás a arder para toda a eternidade.

Não os chamo, e eles voltam-se profundamentedentro do fogo.

- Temos um talento doloroso e obscuro.

Construímos um lugar de silêncio.

De paixão."

Herberto Helder (Poemacto - 1961)

16/07/07

11/07/07

Zazen


"Toda a infelicidade dos homens advém de
que eles não vivem no mundo, mas no seu mundo."
Heráclito in Os melhores contos Zen, pág.27

16/06/07

Sophia

Rosto

"Rosto nu na luz directa.
Rosto suspenso, despido e permeável,
Osmose lenta.
Boca entreaberta como se bebesse,
Cabeça atenta.
Rosto desfeito,
Rosto sem recusa onde nada se defende,
Rosto que se dá na angústia do pedido,
Rosto que as vozes atravessam.
Rosto derivando lentamente,
Pressentimento que os laranjais segredam,
Rosto abandonado e transparente
Que as negras noites de amor em si recebem.
Longos raios de frio correm sobre o mar
Em silêncio ergueram-se as paisagens
E eu toco a solidão como uma pedra.
Rosto perdido Que amargos ventos de secura em si sepultam
E que as ondas do mar puríssimas lamentam."

Se tanto me dói que as coisas passem


"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"

Pudesse Eu

"Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!"

Poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen

28/05/07


Ces rencontres avec eux
"Real. Jean-Marie Straub e Danièle Huillet (França, 2006)
Estreado no final de 2006, um pouco antes da morte de Danièle Huillet, este filme é a sequela de Dalla nube alla resistenza (1979). À semelhança deste filme, "Ces rencontres avec eux" é baseado na obra de Cesare Pavese Dialoghi con Leucò."





Não te perguntaste
porque é que um instante,
.
semelhante a tantos outros passados,
.
te tornou de repente feliz
feliz como um deus?
.
Olhavas a oliveira,
a oliveira na vereda
.
que percorreste todos os dias
durante anos e chega o dia
.
em que o tédio te deixa,
e acaricias o velho tronco com o olhar,
.
quase como se fosse um amigo reencontrado
que te dissesse gentilmente a única palavra
.
que o teu coração esperava.
.
Outras vezes,
.
foi o olhar de um qualquer viandante.
.
Outras, a chuva
.
intermitente durante dias.
.
Ou o grito ruidoso de um pássaro.
Ou uma nuvem
.
que dirias já ter visto.
.
Por um instante,
o tempo pára e a coisa banal
.
sente-la no coração
como se o antes e o depois
.
já não existissem.
.
Não te perguntaste porquê?


Cesare Pavese, «Le Muse», Dialoghi con Leucò (1947)

MNEMÒSINE Non ti sei chiesto perché un attimo, simile a tanti del passato, debba farti d'un tratto felice, felice come un dio? Tu guardavi l'ulivo, l'ulivo sul viottolo che hai percorso ogni giorno per anni, e viene il giorno che il fastidio ti lascia, e tu carezzi il vecchio tronco con lo sguardo, quasi fosse un amico ritrovato e ti dicesse proprio la sola parola che il tuo cuore attendeva. Altre volte è l'occhiata di un passante qualunque. Altre volte la pioggia che insiste da giorni. O lo strido strepitoso di un uccello. O una nube che diresti di aver già veduto. Per un attimo il tempo si ferma, e la cosa banale te la senti nel cuore come se il prima e il dopo non esistessero piú. Non ti sei chiesto il suo perché?


MNEMÓSINE Não te perguntasteporque é que um instante,semelhante a tantos outros no passado, deve de repente fazer-te feliz, feliz como um deus? Tu fitavas a oliveira, a oliveira na vereda que percorreste todos os dias durante anos, até que chega o dia em que o mal-estar te deixa, e tu acaricias o velho tronco com o olhar, como se fosse quase o amigo reencontrado e te dissesse justamente a única palavra que teu coração esperava. Outras vezes é o olhar de um passante qualquer. Outras vezes a chuva que insiste há dias. Ou o chio estridente de um pássaro. Ou uma nuvem que dirias já ter visto. Por um instante pára o tempo, e aquela coisa banal tu sente-la no coração como se o antes e o depois já não existissem. Não perguntaste o porquê disto tudo?

16/05/07

Simples cosas


Cansion de las simples cosas por Mercedes de Sosa.

"Uno se despide insensiblemente de pequeñas cosas,
lo mismo que un árbol en tiempos de otoño muere por sus hojas.
Al fin la tristeza es la muerte lenta de las simples cosas,
esas cosas simples que quedan doliendo en el corazón.
Uno vuelve siempre a los viejos sitios en que amó la vida,
y entonces comprende como están de ausentes las cosas queridas.

Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo.
Demórate aquí, en la luz mayor de este mediodía,
donde encontrarás con el pan al sol la mesa servida.
Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo."

13/05/07

Constituintes do Imaginário Português

Pedro e Inês .. .. ...



philip glass - 01 ...The Poet Acts de Philip Glass




O bailado de Olga Roriz sobre o imaginário da paixão de Pedro e Inês, frequentemente comparado com Romeu e Julieta de Shakespeare - com a diferença de que é uma história real - decorreu nos dias 11,12 e 13 deste mês no Teatro Camões ao qual tive o enorme prazer de apreciar.

Através de uma visão contemporânea levamos para o mundo onírico de Pedro, onde este recria de uma forma fragmentada - tal como num sonho - a sua ideia de Inês, como se estivesse viva, sendo apenas um corpo inamimado, onde a dor real se mistura com a negação do ultimo adeus.

26/04/07


(c) Mourão 2007


Poema do silêncio de José Régio

"Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome."

02/04/07

Rothko pelas suas palavras e ausência delas

....................................................................................................


...........Rothko no seu estudio. ..............................Untitled (three nudes), c. 1926, 1935

Rothko deixou um testemunho que vem – apesar de ter sido escrito antes da sua fase mais conhecida – dar-nos muitas pistas a algumas questões que se impõem quando observamos as suas obras.

Rothko, Mark, “A realidade do Artista – filosofias da Arte”, Edições Cotovia.




...........Untitled, 1953 ..................................................Untitled, 1954



......... . Untitled, 1969 ............................................ .Untitled, 1969


É através das cores, e unicamente, que transmite as emoções, tal como Cézanne afirmava, que as nossas sensações são coloridas, Rothko materializa até a exaustão esse saber, tornando-o numa arte pura que se insinua na vida do espírito.

Não se trata apenas de uma apreensão meramente gestáltica das cores, mas entes, senti-las, pensa-las e sonhá-las através do movimento da cor. Todos os nossos movimentos geram-se e movem-se através dela, as coisas não são “preto-e-branco”, existe uma camada imensa de colorações no nosso espírito, todo o pensamento nasce e desdobra-se na cor, deste modo o espectador não necessita de grandes conhecimentos eruditos para experenciar o que observa, basta-lhe ir ao fundo do seu ser, das suas experiências para permanecer no espaço pictural em toda a sua plenitude, tornando-se parte desse movimento.

...com chá de menta

Tok Tok Tok-alone_...

20/03/07

Enigma..Segredo..Mistério..Finalidade


"" Mistério é aquilo que os homens não conseguem explicar: explicar as coisas na totalidade e mostrar porque e para que nascem, como se desenvolvem e como e porque acabam e o que resta depois delas. Sendo assim, é evidente que nada se pode explicar, a não ser fragmentariamente, e que tudo está rodeado de mistério, embora esta palavra se use cada vez menos. Por detrás de toda a origem há uma outra origem que falta conhecer. Depois do fim, mais outro fim. Além disso, há o problema da finalidade para que as coisas foram feitas, e só pode haver finalidade quando há intenção, e só existe intenção quando há subjectividade. O homem, que se define a si próprio como animal racional, constrói a casa para nela se abrigar. Ele tem consciência disso e essa consciência tornou-se uma propriedade da espécie. ""
Saraiva, António José, O que é a Cultura - Torre de Babel, Gradiva Publicações, Abril de 2003, pág.20.

14/03/07





" Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer
Ao Céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!

A chama, sempre rubra, ao alto, a arder!...
Asas sempre perdidas a pairar,

Mais alto para as estrelas desprender!...
A glória!... A fama!... O orgulho de criar!...

Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,

Nos meus beijos extáticos, pagãos!...

Trago na boca o coração dos cravos!
Boémios, vagabundos, e poetas:
--- Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!..."
Exaltação de Florbela Espanca

06/03/07

Pensar antes de Agir


(c) Serpa, Fev2007

“ Sempre que sejas tocado pela impressão externa de um qualquer prazer, e do mesmo modo face às impressões em geral, acautela-te para que não sejas arrastado por ela. Deixa antes que esse assunto espere por ti e concede a ti próprio, dessa forma, algum tempo. Em seguida tem presente ambos os momentos: primeiro, aquele em que te aproveita o prazer e depois, o outro em que, terminada a fruição, mudarás de opinião, e que te há-de causar transtorno. Contrapõe então a esses dois momentos o quanto serás feliz e como hás-de alegrar-te se te contiveres. Contudo, se te parecer ter chegado o momento propício para cometer um acto, acautela-te para que te não vençam a sua conveniência, a sua doçura ou o seu poder de sedução. Pensa antes quão melhor é a certeza de ter obtido, sobre tudo isso, a vitória.”
Epicteto, A Arte de Viver, Edições Sílabo, colecção Sophia, Lisboa 2007, pag.58, cap.34.

02/03/07

Momento de descontracção..

Sentir de Luz Casal (clicar para ouvir a música)


Abre la puerta, no digas nada,
deja que entre el sol.
Deja de lado los contratiempos,
tanta fatalidad
porque creo en ti cada mañana
aunque a veces tú no creas nada.
Abre tus alas al pensamiento
y déjate llevar;
vive y disfruta cada momento
con toda intensidad
porque creo en ti cada mañana
aunque a veces tú no creas nada.
Sentir que aún queda tiempo
para intentarlo, para cambiar tu destino.
Y tú, que vives tan ajeno,
nunca ves más alláde un duro y largo invierno.
Abre tus ojos a otras mirada
sanchas como la mar.
Rompe silencios y barricadas,
cambia la realidad
porque creo en ti cada mañana
aunque a veces tú no creas nada.
Sentir que aún queda tiempo
para intentarlo, para cambiar tu destino...
Abre la puerta, no digas nada...

27/02/07

Entre uma sevilhana e outra, surge...




(Ouvir a canção)

Chuva

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"

Cantado por Mariza..

20/02/07

Palavras...e mais palavras....silêncios...


Lhasa - Con toda a palabra

P.s: P. , afinal...

17/02/07

Pigmentações


Sónia Delaunay



"Quem posso eu chamar, que palavras lúcidas
e sóbrias, veementes
poderão despertar as ondas felizes,
que outro apelo, que outro alento
aproximará as árvores, o hálito das suas frases?

Quem me oferecerá no seu corpo o estuário das mãos,
que prodígios da terra deslizarão no repouso,
que declives, que jardins, que palácios diminutos,
que intangíveis enlaces, que adoráveis volumes?
Quem me dará o sossego da fábula mais pura
com o exacto relevo imediata e vagarosa?

Real e perfeita num deslizar de gozo, em lábios que
emudecem deslumbrados,
real e completo, secreto, imediato, maravilhoso
é o instante que descobre o animal ardente,
a mais ardente exactidão
a mais oferecida à claridade,
a mais contínua, a mais profunda suavidade.

Estamos dentro de um seio onde nascemos
como de uma montanha latente, somos nascente confusão
de múrmurios silvestres e a magia natural
de um silêncio límpido,, abraçamos a maravilha
aqui e agora, reconcentração na felicidade,
na evidência de delícias, múltiplas, fatais."
O instante, António Ramos Rosa


Obrigada Gi.

16/02/07

Luminosidade azul


Claude Debussy, Reverie

15/02/07

Relativismo...



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Amostra Sem Valor

"Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo."


Poema das Coisas Belas

"As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?"

Obra Completa de António Gedeão, Relógio D' Água, p. 167 e 244.

14/02/07


Jeff Buckley - Hallelujah



"Hallelujah"

I heard there was a secret chord
That david played and it pleased the lord
But you don't really care for music, do you
Well it goes like this
the fourth, the fifth
The minor fall and the major lift
The baffled king composing hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

Well your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to her kitchen chair
She broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah .... .

Baby i've been here before
I've seen this room and i've walked this floor
I used to live alone before i knew you
I've seen your flag on the marble arch
But love is not a victory march
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

Well there was a time when you let me know
What's really going on below
But now you never show that to me do you
But remember when i moved in you
And the holy dove was moving too
And every breath we drew was hallelujah

Well, maybe there's a god above
But all i've ever learned from love
Was how to shoot somebody who outdrew you
It's not a cry that you hear at night
It's not somebody who's seen the light
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

09/02/07

Void


O Refugiado, 1939 de Félix Nussbaum


“ (…)pintor judaico Felix Nussbaum, considerado como um expoente máximo do
Expressionismo alemão, sendo vitima do nazismo, acabando por falecer nos campos
de concentração.
Felix Nussbaum nasceu em Osnabrück em 1904, filho de uma
família da classe media judaica, estudou pintura na década de vinte, tornando-se
bastante conhecido através de diversas exposições, mas com o surgimento da
Nacional Socialista, com o a fomentação anti-semita e com o ideal da raça alemã,
as suas obras forma brutalmente perseguidas tal como ele, a partir de 1933 foge
para várias zonas da Europa, acabando em Bruxelas, de onde é logo deportado para
Auschwitz, onde continua a pintar, morre em 1944.”

In Materialização da Ideia, Esboço de um Método com o traço de Mondrian, Março de 2007, pág 35.





No Campo, 1940 de Félix Nussbaum

Museu Félix Nussbaum


04/02/07

Persona, Sombra, Self ... ... ... Silêncio


Persona de Ingmar Bergman

Perspectiva "Jungueriana e Kierkegaardiana" ( FORMATO PDF)

Corpo, lugar, vazio, outro, lugar, vazio, corpo...


"Primeiro o Corpo. Não. Primeiro o lugar. Não. Primeiro ambos. Ora um deles. Ora o outro. Até fartar de um deles e tentar o outro. Até fartar também deste e fartar outra vez de um deles. Assim em diante. Dalgum modo em diante. Até fartar de ambos. Vomitar e partir. Para onde nem um nem outro. Até fartar desse lugar. Vomitar e voltar. Outra vez o corpo. Onde nenhum. Outra vez o lugar. Onde nenhum. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Melhor outra vez. Ou melhor pior. Falhar pior outra vez. Ainda pior outra vez. Até fartar de vez. Vomitar de vez. Partir de vez. Onde nem um nem outro de vez. De vez e tudo.


(...)

Luz obscura origem desconhecida. Sabe-se o mínimo. Não não se saber nada. Seria esperar demais. Quanto muito o mínimo dos mínimos. Maximanmente menos que o mínimo dos mínimos.



(...)

Um outro. Dizer um outro. Cabeça afundada em mãos paralisadas. Vértce vertical.Olhos cerrados. Sede de tudo. Embrionária de tudo

Isto não tem fuuro. Infelizmente tem."

Beckett, Samuel, Últimos trabalhos de Samuel Beckett, Pioravante marche ( Worstward ho), Assírio & Alvim, 1996.

31/01/07

Hesitação

Monsanto 2006, (c) Maribel Sobreira

"Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra."
Uma voz na pedra de António Ramos Rosa

29/01/07

Não sou daqui...por Amélia Muge


Video promocional do seu novo album "Não sou daqui"


"Não sou daqui, mas gosto d’aqui estar
De aprender no lugar do outro a m’encontrar
De poder um lugar achar, no estar aqui
Desejar o lugar de todos neste lugar
E saber, no lugar d’aqui, o meu lugar

Apresentei esta proposta de concerto à Culturgest, porque é ela a casa, em Lisboa, que os cantos do Não sou daqui, o meu mais recente trabalho, desejavam. São cantos que convocam os mundos do mundo, entre o aquém e o além das designações identitárias ou dos géneros musicais. Procuram, no território dos poemas, outras geografias para as pertenças, tentando nelas identificar o que já fomos, mas sobretudo o que ainda viremos a ser. As utopias começam na forma como cada um se projecta num mais além. E nesse lá, poderá a canção ser, nem que por breves momentos, o “ lugar de todos”?

Não sou daqui desafia as fronteiras da canção, na procura de um lugar de lugares onde a palavra, qual Gulliver em viagem, se apequena ou se agiganta em função dos territórios que atravessa, gerando percursos, tacteando vazios, perdas e danos, criando rotinas, tédios e alegrias, silenciando-se, para que outras “vozes” ganhem protagonismo.

Aqui, no horizonte da Culturgest, já sentimos à partida o apelo do ir ao encontro dos outros e do futuro. Trazemos para o seu palco do mundo, imagens e cumplicidades entre uma voz, um piano, um contrabaixo, vários sopros, percussões e tudo o mais que convites inesperados possam acrescentar. Interrogando sobretudo o que somos e o que nos preocupa e sobressalta. E homenageando, sempre, todos os que amamos."
Amélia Muge in Culturgest

"Não sou daqui" tem composições de Amélia Muge, para poemas dela própria e de António Ramos Rosa, Eugénio Lisboa, Hélia Correia e Sophia de Mello Breyner Andresen.

AMÉLIA MUGE apresenta “Não Sou Daqui” ao vivo no dia 8 de Fevereiro (15h), no Teatro da Luz (Programa “Viva a Música” de Armando Carvalhêda) e no dia 17 na Culturgest (21h30), em Lisboa.

MNAA



Visitas guiadas a 10 obras de referência do MNAA: última 4ª feira de cada mês, às 18H.
A entrada ao museu será gratuita e far-se-á pela porta principal, junto ao Jardim 9 de Abril.



Paula Rego na Galeria 111 e na Galeria de S. Bento



Galeria 111

até 3 de Março





Galeria de S.Bento

Dezassete obras de Paula Rêgo estão em exposição na Galeria de S. Bento, em Lisboa. As litografias da artista estão à venda e podem ser vistas até 20 de Fevereiro.


"As 17 litografias em exposição na Galeria de S. Bento são o retrato de uma heroína que luta pela emancipação: chama-se Jane Eyre e dá nome ao mais famoso livro de Charlotte Brontë. Paula Rêgo pegou na obra do século XIX e desenhou-a num traço que às vezes pede respeito, outras demonstra raiva, revolta ou violência. A história de Jane Eyre é contada em 25 litografias mas em S. Bento estão apenas 17."

25/01/07

Μια αιωνιότητα και μια μέρα




Mia Aioniotita Kai Mia Mera -- A Eternidade e um Dia, filme de Theo Angelopoulos clicar aqui para ver o clip


Um mergulho íntimo pela memória de um escritor que, ao sentir aproximar-se a morte, faz uma espécie de balanço da sua vida.

Ao lidar com a memória, Angelopoulos desconstrói a unidade do tempo do passado e presente, real e imaginário. Em certas momentos o tempo fundem-se na mesma sequência, celebrando a importância da palavra, da criação artística, da dor do exílio e da solidão do silêncio.

23/01/07

Requiem


Cecilia Bartoli & Arleen Auger - Requiem de Mozart

16/01/07

Assim como...o Homem Teatro

Homem Teatro, escultura de Soares Branco, 1963


""Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.""

Assim Como, Alberto Caeiro

15/01/07

Ler os Clássicos


12/01/07

Tout le Monde


Tout le Monde, Carla Bruni.

11/01/07

A Obra de Arte...

"permite vários processos de interpretação, vários processos de imaginação. Essa é a grande virtude da arte: permitir a quem a vê ter a sua própria leitura, que pode ser ou não coincidente com a do artista"

Paula Rego


“Ei-la então: uma Vanitas que cumpre a sua função de nos lembrar que a todos, inebriados, festivos, lúdicos, teatrais, violentos, patéticos seres humanos, nos espera um encontro irremediável com a morte. A matriz onírica do encontro que se dá no texto de Almeida Faria ou na representação de Paula Rego é talvez apenas uma forma de eufemismo na encenação da crueldade desta evidência.” CAMJAP

Inaugura hoje pelas 22h no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian a exposição VANITAS de Paula Rego, em simultâneo com o lançamento do livro VANITAS, 51, AVENUE D’IÉNA de Almeida Farias, conto que inspirou a obra.

Estará patente até dia 25 de Março de 2007.


08/01/07

Arnold Schoenberg

07/01/07

Requiem com imagens simples




«Hoje, prefiro cantar as coisas simples, as que

crescem depressa, como os ciprestes, ou as

que se enrolam a tudo o que aparece nos muros,

como as buganvílias. Através delas, vejo o céu

que me traz outras coisas, mais complicadas

dos que estas da terra; e também no céu

escolho, hoje, o que não é difícil».

Nuno Júdice,Requiem com imagens simples