06/11/06

Cadáver esquisito



Foi inaugurada na quinta-feira a exposição "Cesariny/Cruzeiro Seixas/ Fernando José Francisco e o passeio do cadáver esquisito" na galeria PERVE.

Esta exposição marca o reencontro, após 55 anos de afastamento, dos três artistas surrealistas, expondo as obras realizadas entre 1941 e 2006.
Para além de reunir trabalhos antigos, a ideia principal foi a de conseguir uma colaboração entre eles, surgindo deste modo o cadavre-exquis (cadáver-esquisito) - técnica "simbólica" do surrealismo francês, que consiste na participação de diversas pessoas para completarem um texto ou um desenho, conhecendo apenas algumas linhas deixadas à vista por uma folha dobrada chagando assim a uma obra colectiva.

As folhas foram passando de casa em casa, sem que os artistas se cruzassem, transformando-o não numa obra una, em que por vezes os artistas se tentam diluir para que as suas linguagens possam convergir, mas persistindo a individualidade do traço e imaginário de cada um.

Para ver até 20 de Dezembro de 2006

Galeria Perve
Rua das Escolas Gerais nº17, 19 e 231100 - 218 Lisboa - Alfama Portugal

6 comentários:

  1. Se é que se pode falar de um movimento surrealista em Portugal, a tragédia de todos os que para ele concorreram residiu no facto de viverem no país pobretana e mentalmente capado que o salazarismo impôs aos potugueses que pelo mesmo não só ficaram arredados da circulação livre das ideias políticas, como igualmente se viram arredados da possibilidade de livremente contactarem com o exterior e acompanharem com as correntes que representaram vanguardas no domínio das artes e das letras. Se no príncipio do século foi possível a um português saltitar entre o bucolismo das margens rurais do Tâmega e o cosmopolitismo de Paris e pela pujança da sua pintura estar entre os grandes do seu tempo e com eles partilhar experiências que levaram ao cubismo e, por via do mesmo, aos movimentos que vieram a dar corpo à arte contemporânea, como aconteceu com Amadeu de Sousa Cardoso, já a liberdade se fechara sobre os nossos conterrâneos quando André Breton escreveu o manifesto surrealista e por isso, o impacto tardio que esta corrente teve ente nós, encontrou o marasmo de uma sociedade policiada e condicionada em termos de pensamento pelo que os dramas dos seus autores sempre residiu no facto de serem subsidiáios distantes de uma proposta que não podiam acompanhar em pleno e que implicava referências que aos nossos estavam vedadas. Se para entendermos aquele movimento na Europa temos que nos reportar aos contextos e discursos de uma então nova ciência, como a Psicanálise de Freud, em Portugal não o conseguimos fazer se nos esquecermos de considerar as contingências anacrónicas da ditadura política e social que constituiu o Estado Novo. Uma históia do surealismo, em Portugal, também seria uma página da noite negra que o salazarismo fez cair sobre a generalidade dos portugueses com todas as consequências que isso teve para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.
    Bem, espero que não tenha sido demasiado longo e que por isso não tenha aborrecido ninguém.
    Mas ficaremos satisfeitos se esta pequena nota for recebida como a nossa forma de agradecimento pelo gesto bonito com que tão generosamente este espaço nos distinguiu quando deatacou a "Conversa Lusófona" que decorre "No Largo da Graça". Tocou-nos fundo e não temos modo como expressar o nosso reconhecimento.
    O nosso nelhor bem-haja por isso

    Luís F. de A. Gomes

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  2. Talvez seja na poesia que vamos encontrar o contributo mais original entre nós, com a obra de Alexandre O'Neil, geralmente mal conhecida e que deveria ser objecto de estudos aprofundados nas cadeiras universitárias relativas à literatura e cultura portuguesas. Na minha modestíssima opinião, ali encontramos a melhor caricatura dos portugueses e dos atavaismos da nossa sociedade no século XX.

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  3. Entre os surrealistas, (...).
    Era assim que deveria ter começado o comentário anterior para que se percebesse que o mesmo se referia àquela corrente artística e ao mesmo tempo pretendia completar o nosso primeiro comentário.

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  4. Obrigada pelo seu comentário

    Concordo com o facto de Alexandre O'Neil ser um bom exemplo e mal explorado nos meios académicos, tal como Almada Negreiros e tantos outros, ignorados por muitos.

    Penso que seja possível falar do surrealismo -(da segunda vanguarda)- em Portugal, apesar do seu contexto, mas se analisarmos bem a história dos movimentos, veremos que existiu sempre um atraso em relação aos outros países, com isto não pretendo subestimar o entrave da criação artística imposto pela regime ditatorial, que muito nos atrasou.

    Nunca se aborrece ninguém quando se vem com espírito aberto.
    Beijinhos

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  5. Uma suposta galeria supostamente dirigida por um suposto artista que se chama Cabral Nunes!.....é por causa de supostos destes que este suposto pais está assim!......além disso a galeria é tudo menos contemporanea.

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  6. O Surrealismo jaz morto e arrefece!
    já cumpriu o seu dever a sociedade em que vivemos já é suficientemente surreal!

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