11/01/07

Paula Rego


“Ei-la então: uma Vanitas que cumpre a sua função de nos lembrar que a todos, inebriados, festivos, lúdicos, teatrais, violentos, patéticos seres humanos, nos espera um encontro irremediável com a morte. A matriz onírica do encontro que se dá no texto de Almeida Faria ou na representação de Paula Rego é talvez apenas uma forma de eufemismo na encenação da crueldade desta evidência.” CAMJAP

Inaugura hoje pelas 22h no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian a exposição VANITAS de Paula Rego, em simultâneo com o lançamento do livro VANITAS, 51, AVENUE D’IÉNA de Almeida Farias, conto que inspirou a obra.

Estará patente até dia 25 de Março de 2007.


4 comentários:

  1. Viva Maribel!

    A tarde de hoje está tão bonita que apetece mesmo passear no jardim e na impossibilidade de irmos lá ver ver o Sol dourando as ramadas escurecidas pelo vigor do frio, vimos aqui extasiar-nos na pintura de alguém a respeito de quem já vimos, pelo menos, duas grandes exposições rectrospectivas e que sempre nos ancantou pela singulaidade pictóreica com que nos apresenta a sua reflexão a respeito da mulher no seio da família e de uma cultura em que tanto lutou para se afirmar como ser humano de pleno direito.
    Infelizmente não tive oportunidade de ver a exposição de Amadeu com a atenção que pretendia pois fi-lo na companhia de amigos e com o tempo contado para o efeito; contava voltar lá, mas as vicissitudes do quotidiano impediram-me completamente de o fazer, coisa que lamento imenso. Mas deu para ver que se tratava de uma exposição muitíssimo completa -já vi uma grande exposição dele aqui há largos anos, se a memória não me engana, creio que também na Gulbenkian e uma pequena mostra em Serralves, aqui há uma mão cheia de anuidades pretéritas- talvez a mais completa desde sempre que se fez a respeito do principal pintor português na era moderna. Vamos a ver se o trabalho não me escraviza a ponto de repetir a desgraça com este trabalho de Paula Rego que, cuirosamente, conheci -não pessoalmente mas enquanto autora- por acaso em Londres, tendo logo ficado fascinado pelo que vi e a surpresa de ser uma artista portuguesa a ser exposta naquela que é uma das capitais mundiais da cultura.
    Muito obrigada por mais esta prenda que a sua sensibilidade escolheu para nos oferecer e ainda mais se lhe juntarmos a companhia de Schoenberg que tanto me entusiasma ouvir e que a par com Stravinsky terá sido um dos responsáveis pela música que se veio a inventar ao longo do século passado.
    Retsa-me desejar que não tenha sido demorado e cansativo e expressar para si e todos aqueles que ama e a fazem felís, os melhores votos de paz e saúde

    Luís F. de A. Gomes

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  2. Olá Luís!

    Mais uma vez lhe digo que as suas palavras não moem, é sempre um prazer poder lê-las, por isso nunca serão demoradas e cansativas, são sempre bem vindas, tenham a duração que tiveram, não se preocupe com isso!

    Para lhe ser sincera fui imensas vezes ver/ rever/ver/rever a exposição de Amadeu, de todas elas descobri “coisas” e sensações novas, que nos enchem a Alma.

    O meu primeiro contacto com Paula Rego, que a tenho em muito alta consideração, foi numa retrospectiva que houve a alguns anos no CCB, desde ai fiquei fascinada pela maneira como vê e retrata as “Coisas”, não deixam ninguém indiferente. Quase que tive a oportunidade de a conhecer pessoalmente numa mostra na Galeria 111, tinha o convite para a inauguração, onde ela estaria presente, e olhe, vicissitudes da vida não consegui ir, com imensa pena minha.
    É desconcertante que os criadores, seja de que área for, tenham que “sair” para que depois, eventualmente, recebam algum reconhecimento no seu próprio país, que não dá valor à criação cultural/artística/intelectual.

    Já a algum tempo que tento colocar no blog a musica The Devils Dance de Stravinsky, um dos meus compositores predilectos, por pena minha ainda não consegui, pois esta musica remete-me, pictoricamente, para a ultima fase de Piet Mondrian, aqueles quadros cheios de movimento, em que as cores ganham vida própria, tal como essa musica que não nos deixa ficar estáticos.

    Em relação a Schoenberg, decerto que deve conhecer a Ópera “Moses and Aaron”, percebi que gosta de viajar e de sentir o Genius Locci, sugeria-lhe (se me permite tal gesto e caso possa) que visite o Museu Judaico de Daniel Libeskind em Berlim. Através da arquitectura criou um “Museu sem fim”, onde a ausência impera, tentando deste modo completar o terceiro acto jamais composto da Ópera de Schoenberg.


    Agora fui eu que me alonguei.

    Votos de Tudo de Bom para si e a todos que Ama,
    Mari

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  3. Viva Maribel!
    Nunca estive em Berlim, mas registo e agradeço a sugestão e não me esquecerei de a seguir quando um dia visite essa cidade. Mas teria todo o gosto em a ouvir descrever os pontos de interesse desse Museu. É sempre bom para quem nos lê pois passa informação útil a respeito deste mundo tão duplamente maravilhoso e louco em que vivemos.
    Devo dizer-lhe que os meus conhecimentos quer no domínio da pintura, ainda mais aqui, quer no da música, pouco mais vão além da ignorância e por isso tenho uma certa dificuldade em falar pois é bem sabido como aquela pode ser atrevida. No primeiro caso, não irei além da experiência de quem vê, sem qualquer formação no assunto e tão só gosta de ver, as figurações, as cores, a luz, as sombras, a grandeza e a profundidade das imagens, as cenas representadas, eventualmente a mensagem que o artista pretendeu transmitir-nos e também gosta de sentir as vibrações -se é que aqui o termo tem ou pode ter alguma validade- que as obras lhe fazem chegar só através do gosto de olhar para elas. No segundo repetem-se as pçalavras com a adpatação ao sentido auditivo. Não tenho qualquer formação musical e a minha experiência resume-se à de alguém que desde que tem memória ouviu música em casa e dos mais variados géneros e que por causa disso se habituou a ver os mais diversos tipos de espectáculos musicais.
    Seja como for, aquilo que mais admiro na pintura de Paula Rego e ficou salvaguardada a modéstia -elevada ao máximo expoente- da minha opinião, é a temástica geral que aborda, como referi, a problemática do papel da mulher na sociedade em geral e na família em particular, creio -e aqui aminha opinião ainda é mais limitada e provavelmente ousada e até disparatada- que a partir das referências portuguesas mas com a pretensão de uma certa se não toda universalidade. Mais do que nos impôr uma mensagem, uma moral, diria até uma determinada forma de leitura,convida-nos a pensar nos problemas do feminino em sociedades alicerçadas em inércias culturais de sociedades hierarquizadas segundo lógicas de predominância e poder masculinas.
    Ora gosto disso, desse convite ao pensamento e por isso, sempre que tenho oportunidade de ver, gosto de perder tempo a admirar aquelas cenas deformadas, como se quisessem ser modos de retratar as imagens da memória.
    Depois não duvido da importância da igualdade do género. É, na minha humilde opinião, a última fronteira da liberdade e pelo que vê hoje em dia no mundo, não terei qualquer dúvida em afirmar que é uma dos últimos obstáculos sólidos a uma Humanidade mais adulta e capaz de viver em paz. Pode parecer-lhe estranho e alongar-me-ia mais do que posso para o explicar mas é isso que penso e em qualquer circunstância seria capaz de o defender.
    Quanto a Schoenberg conheço algumas coisas dele e mormente a ópera que cita mas pouco mais vou além disso e das informações contidas no post que tão generosamente nos ofereceu.
    Sem querer estar a melindrá-la, queria dizer que se não se haverá um pequeno equívoco. Quando disse que conheci a Autora em Londres estava a referir-me aos seus quadros, se não estou em erro, numa exposição numa galeria cujo nome agora não me ocorre mas até é mais ou menos conhecido. Não conhecia a pintora nem mesmo de nome e achei curioso o facto de uma portuguesa expor em Londres em lugar de renome e, pelo que logo me pareceu, aí ter elevado reconhecimento. Aquece sempre a nossa pobre alminha portuguesa quando assim acontece e foi isso que se passou comigo.
    Bem Maribel, já me alonguei de mais e não quero maçá-la e muito menos ocupar o seu espaço e afinal vinha aqui apenas para agradecer as suas palavras gentis que só a sua generosidade a faz usar para comigo. A bondade é sua.
    Um resto de uma boa noite e sempre votos de muita paz e saúde,para si e todos os que lhe são queridos.

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  4. Viva Luís,

    Mais uma vez agradeço as suas palavras sempre amáveis para comigo.

    Tenho um texto sobre esse Museu, e talvez o publique aqui, se não o fizer, por inúmeras razões inerentes ao meu Ser, envio-lhe.

    Os meus conhecimentos não são muito vasto, seja em que área for, ainda ando, e penso que andarei sempre, a dar os primeiros passinhos, pois existe uma imensidão de coisas para aprender e apreender, que o tempo que dispomos é muito escasso e, para mal dos meus pecados, ainda não encontrei uma fórmula de o convergir com o meu firmamento.
    O mais interessante na arte tem a ver com o que o Luís fala, no gosto de ver, de apreciar e sentir a Obra e de uma maneira muito íntima, e interpretá-la através da nossa vivência com a mesma.
    Neste caso, as obras da Paula Rego, concordando consigo, convida-nos a uma constante interrogação do Ser, da sua dimensão social e cultural, não nos deixando nunca indiferentes.

    Não é nada estranha a sua premissa sobre a igualdade do género, porque é ai que reside a chave para uma evolução da sociedade em toda a sua plenitude. Está à vontade para se alongar neste e noutros temas, teria todo o interesse em ouvi-lo, neste caso lê-lo, o que vai acontecendo no “Pau” e isso agrada-me bastante.

    Não me melindra em relação ao facto de ter tido o seu primeiro contacto com as obras de Paula Rego em Londres, percebi que era isso mesmo, as Obras e não a Autora. :-)

    Votos de uma boa noite para si e todos os seus.

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