04/02/07

Corpo, lugar, vazio, outro, lugar, vazio, corpo...


"Primeiro o Corpo. Não. Primeiro o lugar. Não. Primeiro ambos. Ora um deles. Ora o outro. Até fartar de um deles e tentar o outro. Até fartar também deste e fartar outra vez de um deles. Assim em diante. Dalgum modo em diante. Até fartar de ambos. Vomitar e partir. Para onde nem um nem outro. Até fartar desse lugar. Vomitar e voltar. Outra vez o corpo. Onde nenhum. Outra vez o lugar. Onde nenhum. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Melhor outra vez. Ou melhor pior. Falhar pior outra vez. Ainda pior outra vez. Até fartar de vez. Vomitar de vez. Partir de vez. Onde nem um nem outro de vez. De vez e tudo.


(...)

Luz obscura origem desconhecida. Sabe-se o mínimo. Não não se saber nada. Seria esperar demais. Quanto muito o mínimo dos mínimos. Maximanmente menos que o mínimo dos mínimos.



(...)

Um outro. Dizer um outro. Cabeça afundada em mãos paralisadas. Vértce vertical.Olhos cerrados. Sede de tudo. Embrionária de tudo

Isto não tem fuuro. Infelizmente tem."

Beckett, Samuel, Últimos trabalhos de Samuel Beckett, Pioravante marche ( Worstward ho), Assírio & Alvim, 1996.

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