15/02/07

Relativismo...



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Amostra Sem Valor

"Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo."


Poema das Coisas Belas

"As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?"

Obra Completa de António Gedeão, Relógio D' Água, p. 167 e 244.

2 comentários:

  1. Gosto de viver no no antogonismo, que corresponde a essa dicotomia...
    pq so existe absoluto pq existe o relativo...
    Mas acredito que a etapa mais alta do desenvolvimento é conseguir viver nesse relativismo... com a intensidade do absoluto!!!

    Bjo de boa noite

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  2. Tb acredito nisso, viveremos então..

    beijinhos****

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